Ontem, na aula de Ecodesign, discutíamos, dentre outras coisas, as diferentes visões das classes sociais em relação à sustentabilidade. Há quem continue afirmando que só as pessoas de classes sociais mais altas e, logo, com mais acesso à informação que aderem às ações de preservação do meio.
Eu, que acredito que ACESSO à informação nem sempre significa alguma coisa, porque o importante é O QUE SE FAZ com a informação que se recebe, conto uma situação que vi essa semana.
Aos que não sabem, eu trabalho no P&D de uma metalúrgica. Essa semana, estava eu andando pela fábrica quando ouço duas mulheres que trabalham na produção conversando. Uma delas dizia que tinha comprado uma grande bolsa de lona para ir ao supermercado, porque não se deve mais usar sacolas plásticas, porque elas não podem ser recicladas, então viram lixo acumulado. E que não precisa comprar uma sacola pra isso, não. Pode se usar qualquer bolsa ou sacola grande que se tenha em casa.
Pode não parecer nada, mas são essas pessoas que, mesmo sem saber, fazem alguma coisa pelo mundo.
Na Internet, em algumas poucas rádios, nas universidades e nas revistas de moda, já se cansou de falar nas Ecobags e tá todo mundo sabendo que as sacolas plásticas não podem ser recicladas, que elas levam séculos pra se decompor e blablabla. Mas alguém já viu a novela das oito mostrar alguma bonitona carregando a sua "I'm not a plastic bag"? Eu não vi. Então é nesse boca a boca que as coisas acontecem!
E se a informação não basta e a consciência não pesa, algumas outras medidas hão de ser tomadas. Vejam o exemplo de alguns países:
Na Alemanha, cobra-se o equivalente a sessenta centavos por sacola plástica levada. Na Irlanda, também paga-se um imposto por cada saquinho utilizado. Já Grã-Betanha, a utilização das sacolas não foi descartada, mas o material das mesmas foi substituído por um 100% biodeagradável, que se compõe dezoito meses após o descarte. Já na China, a proibição foi total. A solução para as nada menos do que três bilhões de sacolinhas utilizadas pelos mais novos superconsumistas do mundo foi a proibição, com direito a multa aos estabelecimentos que não cumprissem a norma. O país produz três milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano, valor que pode ser reduzido em (pasmem!) DOIS TERÇOS com a proibição das sacolas.
No Brasil, as 210 mil toneladas de plástico filme, material utilizado para a confecção da "ré" em questão, representa quase 10% de todo o lixo produzido no país.
Não tem mais desculpa pra utilizar sacolas plásticas. Digitando "ecobag" no Google, encontra-se uma infinidade de marcas e produtos disponíveis, nos mais variados preços, estilos e materiais. E, como disse a senhora aqui da fábrica, "não precisa comprar, não". Eu, por exemplo, pras compras menores, estou utilizando uma sacola de TNT na qual veio uma bolsa que eu comprei. Uma maneira de não descartá-la e de não comprar um produto novo, até porque a estampa dela é bem bonitinha. Já pra quem faz "rancho", a história se complica. Eu estou pensando em aderir aos "carrinhos de feira" que as vovós costumam usar. Um colega comentou na aula ontem que no prédio onde ele mora existem alguns desses disponíveis aos moradores. Vou dar a sugestão lá no meu também! Nem só dos mega projetos sustentáveis das grandes corporações vivem as iniciativas para salvar o mundo...
